23 de novembro de 2005

MATARAM O MATUTO

Uma crítica ao anti-caipirismo...

Muito se fala sobre o uso da língua e há quem critique duramente o modo de falar do interiorano, também conhecido como matuto ou caipira. Talvez isso ocorra devido ao fato de que o ser humano sempre tende a rotular o modo certo e errado de fazer todas as coisas.
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Há casos de pessoas que falam ``craro``, mas conseguem ser mais claras do que oradores eloqüentes e renomados; há aqueles que em sua infância se deliciaram com um banho no ``corguin``, enquanto outros apenas poluem os córregos e rios que conhecem; há ainda os que dizem que ``nóis fumo``, mas sabem se portar de modo a não ``levar fumo`` em situações relevantes.
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O que se tenta é exterminar uma parte de nossa história. Quando se exige que alguém mude o seu sotaque para parecer intelectual aos ouvidos de quem ouve, também se exige o sepultamento de nossas raízes. Escrever ou falar certo, digo, c-o-r-r-e-t-a-m-e-n-t-e, é apenas uma questão de ocasião.
É pena que em nosso país se confunda progresso e modernidade com o abandono de valores particulares de uma determinada cultura. Precisamos acabar com essa matança!

16 de novembro de 2005

OSSOS DO OFÍCIO



Não era um bom dia para ele. Dormira mal à noite e teria 12 horas de pista pela frente. Sob um sol de 23o C, lá pelas nove da manhã, sinalizava para o motorista do ônibus que se aproximava. Não costumava parar veículos naquele horário, muito menos um carro de grande porte. Mas algo estava errado. Sentia o cheiro da encrenca.
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Seu tirocínio policial nunca o traíra; assim, podia confiar em si. Bastava desconfiar de outrem. Era batata! Se suspeitasse, o soldado Gomes parava. Não apenas isso: perguntava, solicitava documentos, revistava os bolsos, bolsas, casacos e blusões. Nada passava despercebido em suas diligências.
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Três branquelos indo ao Rio lhe parecia demasiado estranho. Brasileiros? – não. Gomes descobrira que Paul, Steve e Carl eram irlandeses. Vinham da Bolívia – o que por si só já era esquisito e levantava suspeitas quanto aos viajantes. Porém, nenhum entorpecente havia com os três infelizes. Tendo passado por Santa Cruz de la Sierra, Steve comprara uma Parabellum 9mm, como as usadas pelos nazistas. Seu brilho despertava a sensação de poder, nas mãos de quem a segurava; medo nos que a viam perante a alça de mira. Foi por essa razão que Steve a comprara. Queria ser convincente no filme que faria – era um estudante de cinema.
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As casas de sal da Bolívia eram o passeio de Paul; a ida ao Rio, de Carl; mas, a ida à delegacia não era o que Steve tinha em mente – era idéia de Gomes. E ele via o ônibus se distanciar, após haver liberado os rapazes. Eram quase 11 horas da manhã; hora de ir ao posto de gasolina para uma merecida refeição. Seu estômago doía, como se estivesse queimando-lhe as paredes. Para policiais a refeição era por conta da casa – ainda mais para os rodoviários; é o famoso ``QSA a milhão``.
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O prato do dia era costela. Nada melhor após uma apreensão de arma, mesmo que de brinquedo.

11 de novembro de 2005

Frase!!!


"Um único ato ruim pode destruir o efeito de mil boas ações"

3 de novembro de 2005

poesia: uma homenagem às mulheres


JUNTAS, CAMINHAMOS



Porque somos mulheres
Temos tantos afazeres
Das escolas às indústrias
Desde o campo até os mares
Nas montanhas e nos vales
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Sem contar as horas extras!
Que não causam mais surpresas
Ufa! Haja coragem!
Ainda não falei dos lares!
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Mas, contudo,
Isso tudo o que fazemos,
Fazemos sem murmúrios
Sem tristezas
Sem lamentos
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Porque não somos frágeis
Somos rocha!
Inquebráveis!
E vencemos os revezes
Porque somos mulheres!
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E porque somos mulheres
Somos mães
E há também avós
Algumas são esposas
Outras vivem sós
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Sozinhas de uma companhia
Masculina
Por assim dizer
Mas sempre uma amiga
Também sempre o que fazer
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A lida não espera
A sujeira,
Uma intrusa
Uma casa sem mulher
Não vê ordem, nem ternura
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Oh! Quanto é dura a sua lida
Bem sabemos como é
Pois que nunca descansamos
Às vezes, se dorme em pé
Porque somos rocha firme
Cada uma – uma mulher
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E porque mulheres somos
Avó
Esposa
Mãe
Irmãs
Ensinamos aprendendo,
Aprendemos com afã
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E se a vida é difícil
A amizade a torna fácil
Amor
Caridade

Perdão
Quando vêm do coração
Felicita e enobrece
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Para sempre,
sempre unidas
Porque somos rocha
Porque somos mulheres