26 de julho de 2009

Metrô de SP ainda está longe de ser, de fato, um bem público

Foto: pslumiar.blogs.sapo.pt


Foi inaugurada hoje a estação Pinheiros da linha amarela do metrô de SP. Esse governo não faz tanta propaganda quanto o anterior, porque sabe que ainda há muito o que avançar.


Em Lisboa, Portugal, o sistema de transporte é bem diferente do que temos aqui. O transporte é encarado como um dever do Estado. Tanto é verdade que parte dos custos de transporte são subsidiados por ele.

Foto: tvi24.iol.pt
E quem pensa que, por estar na Europa e fazer parte da comunidade, o país nada em rios de dinheiro, afirmo que está enganado. A diferença é que o Estado pensa um pouquinho mais nos seus, o que faz uma enorme diferença. Bem, vamos aos números.



Dados físicos

Lisboa tem pouco menos de 500 mil habitantes (metade da população de Campinas), mas em uma área de 84 km². Entretanto, possui 40 quilômetros (ou quilómetros, como diriam os gajos alfacinhas) de linhas de metro com 46 estações (lá não é metrô, é metro mesmo, como a fita métrica). Isso mesmo! E são 64 quilômetros de linhas de comboios (trens, mas pronuncia-se o primeiro "O" de modo aberto: "combóios") na região metropolitana da capital.

São dados crus, frios. Entretanto, já mostram a dimensão da diferença. O Estado de São Paulo, segundo informações oficiais, possui 60 quilômetros de metrô e 240 de linhas de trem. São Paulo é 20 vezes maior que a população lisboeta, mas se compararmos as duas regiões metropolitanas, são 25 milhões aqui para 3 milhões de habitantes lá.

Admito que o desafio é muito maior aqui, mas isso não pode servir de desculpas para nós. Para ninguém dizer que estamos a bater em bêbado, vou comentar, e bem rapidinho que é para não dar mais vergonha, que Nova Iorque, com a qual os paulistanos adoram fazer comparações, tem apenas:

1142 quilômetros de metrô. E quase 500 estações. Nem vou procurar saber sobre os demais meios. That's really a shame for us!



Foto: pestinha94.blogs.sapo.pt


Valor do transporte

Para sair de um bairro de Barueri, na região metropolitana de São Paulo, para trabalhar na capital, caso tenha de tomar apenas o trem, o trabalhador gastará cerca de R$ 110,00 dependendo do número de dias trabalhados. Caso tenha de tomar ônibus, a conta aumenta. Não gastará menos que R$ 130,00, em média.

O contribuinte ou o seu empregador é quem paga pelo custo, sendo que boa parte do valor fica com as empresas privadas, no caso dos ônibus.


Em Lisboa, há um sistema interessantíssimo. No início de cada mês, o usuário de transporte que possui uma carteirinha pode comprar o passe. Isso só pode ser feito no primeiros 10 dias de cada mês, quando o passageiro que só circula em Lisboa compra o passe L, por 30 euros e circula livremente em todos os meios de transporte: Autocarros (ônibus), Electros (bondes), Comboios (trens) e no Metro.

Em alguns casos, paga-se mais por um trecho maior, mas as tarifas mais caras são de cerca de 70 euros. E você pode usar: QUANTAS VEZES FOR NECESSÁRIO!!!

Repetindo: QUANTAS VEZES FOR NECESSÁRIO!!!

Caso opte pelos outros passes (L1, L12 ou L123) o preço aumenta, bem como o raio de abrangência das viagens a que o cidadão tem direito.

Muito bom o sistema brasileiro, não?!

E se engana quem pensa que a qualidade dos serviços dele é inferior. Nada disso. É tudo coisa boa. Os autocarros possuem piso baixo, pois pensam em seus idosos. Aqui, o idoso tem de escalar, literalmente, as escadas dos nossos "busões" que são tão bons, não é senhores tucanos e demonicráticos?

También los hemanos están mejores que nosotros

Mesmo na Argentina, o transporte é mais barato e funcional (tudo bem que são velhos os meios, mas são baratíssimos). Para o trabalhador, preço ainda vem antes de qualidade.

É por essas e por outras que o candidato à presidência da república que adora privatizar tudo (por que não vende a mãe?!) não deve mentir de modo descarado e pensar que nós somos trouxas. Não existe expansão, a não ser no bolso de alguns!

21 de julho de 2009

LUANDA É AQUI

Depois de tantos anos, finalmente, eu te encontrei;
Apesar dos pesares, tudo agora vai ficar bem.

Em mim ficou a ferida de te ver assim partir
E esta guerrilha sem razão que tem destruído meu país.

Será que um dia vamos ter esperança e dignidade?
Será que um dia vamos achar velhos amigos, igualdade e paz?

Muitos longe estão, atravessaram este continente,
Que tem sido explorado por aquela gente!
Que consigam sonhos realizar, manter a fé e não desanimar,
Ainda que não voltem a Luanda.

Miséria, fome e guerra: trio inseparável e vil;
Presente não só em Angola, mas também em partes do Brasil.

Há gente de bem que morre, enquanto muitos maus não;
Não ainda lá, mas a caminho da temível destruição.

Será que um dia haverá justiça e paz em todo lugar?
Amor fraterno, pois que nós somos irmãos: liberdade em nossos corações.

Muitos longe estão: além das fronteiras da razão.
Bebidas, drogas, desemprego com a péssima educação;
Junte tudo isso, receita boa pra formar bandido
Que tem sido usada em nosso país e no Brasil.

6 de julho de 2009

Quinta eterna

Nada há mais monótono, depressivo ou desencorajador do que uma manhã cinzenta de quinta-feira. Da última vez em que tive um dia assim, não vi o dia passar. Não porque tenha sido rápido. Simplesmente, não passou, não empolgou, não nutriu, tampouco partiu. Pior que isso: ela se estendeu.

1 de julho de 2009