2 de junho de 2006

A Quarta Queda

Uma esquerda dividida
Classe burguesa em ascensão
Militares à espreita
Populismo na contra-mão
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Pressionado, reagiu;
Com as partes, negociou;
Apaziguava tempestades
Sobre Tancredo, silenciou.
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O plebiscito - uma manobra
Legalidade estrutural
Saída democrática para ficar e conduzir este país
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Jango jogou
Jango gingou
Jango julgou ser melhor evitar uma guerra civil
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Jango jogou
Jango gingou
Jango julgou ser melhor evitar a forte mão militar...
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Após o pleito buscou o centro
Sem seus ideais esquecer
Populista sim, sem extremos;
No Rio, fez o corvo se enfurecer;
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Prestes a acontecer o golpe
Prestes escondeu sua voz
A 31 de Março havia tempo,
Mas o presidente estava só
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Errou por tudo o que acertou.
A decisão em suas mãos.
Saída heróica – não sujou as nossas mãos,
Embora a história tente esconder
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Jango jogou
Jango gingou
Jango julgou ser melhor evitar uma guerra civil
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Jango jogou
Jango gingou
Jango julgou ser melhor evitar a forte mão militar. E caiu!

30 de maio de 2006

A arte de contradizer-se

Faça o que eu digo, não o que faço

O jornalista Ricardo Noblat é um ótimo professor. Em seu livro “A arte de fazer um jornal diário” ele ensina o que deve ser evitado, mesmo abominado pelo aspirante ao nobre exercício do jornalismo.
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Mas, contudo, todavia, porém, entretanto, não obstante, (não se faz isso em um texto crítico) ele próprio não aplica as lições que tanto pregou. Após ficar desempregado por algum tempo (acontece com todos), ele construiu um blog (diário eletrônico) em um provedor de Internet.
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Seu blog agradou tanto que, em pouco tempo, recebeu um convite de um jornal com grande circulação nacional para manter um blog (que termo chique) em sua página virtual. O Blog do Noblat (até que rima) é um ótimo exemplo de como é fácil dizer uma coisa e fazer outra.
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Noblat apresenta um discurso polifônico. Há diversas citações e textos que não são de sua autoria. Pode-se observar que, por vezes, textos inteiros parecem haver sido vítimas dos tão marginalizados Ctrl+C e Ctrl+V.
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A conclusão a que chegamos é de que Noblat é um jornalista contraditório (esperamos que não como pessoa). Justificaremos as afirmações nos parágrafos a seguir:
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Usaremos o seguinte esquema:
O que o livro ensina:
O que Noblat faz:
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O que o livro ensina: Não opinem.
O que Noblat faz: Dia 1o de Abril, 22:19. No texto “É o que basta” expõe de modo claro a sua própria opinião sobre o governo Lula e diz no que o governo não deveria ter falhado.
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O que o livro ensina: O lide morreu.
O que Noblat faz: Usa constantemente, e mal. No texto “Acharam a caixa preta”, 18:28 o primeiro parágrafo poderia ser melhor estruturado.
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O que o livro ensina: Escrever bem é imprescindível.
O que Noblat faz: No texto “É o que basta” há um erro de concordância verbal ou, no mínimo, uma contaminação pelos termos anteriores. Ele flexiona o verbo no plural quando o correto seria fazer a concordância com o primeiro termo.
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No texto “Ele chegou” o lide está tão bonitinho, tão estreito, que mais parece ser uma cópia.
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O que o livro ensina: Informar bem.
O que Noblat faz: Texto “Vox Populi” (10:19); ele diz ‘uma ampla pesquisa’; o que vem a ser uma ampla pesquisa? Pesquisa não se dão por amostragem? O que é amplo, neste caso?
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O que o livro ensina: Não coloque dúvidas em seu leitor. Não use a palavra pode em títulos.
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O que Noblat faz: No texto “CPI pode virar pizza” (5:16). Ou se esqueceu do que ensinara, ou, estava com sono mesmo. A matéria nada esclarece.
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O que o livro ensina: Não use chavões.
O que Noblat faz: “Vamos lá”, “acima de tudo” são alguns exemplos. No texto “Todos perdem” (21:26). “Cada vez mais” no texto sobre a CPI. E por aí vai (por aí vai também é chavão).
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O que o livro ensina: Não use adjetivos.
O que Noblat faz: “Merda, condescendente, bobalhão, inepto, escandalosas, ampla, etc. e tal. Encontrados nos textos supracitados.
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O que o livro ensina: O jornalista deve apurar.
O que Noblat faz: Noblat é parente da Mãe Dinah ou tem muitas fontes que lhe tornam possível afirmar as coisas que ele diz.

28 de abril de 2006

Mundos opostos

Antes que o sol saísse, Everaldo se punha de pé, sem hesitação, para iniciar o ritual. Gostava de se barbear ao som dos galos acordando. Nas manhãs frias podia sentir o vento gélido em sua face, como que uma loção pós-barba. Mas não era o único ritual.
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Ao caminho do trabalho, passava na banca, apanhava um jornal especializado em esportes e seguia em direção ao escritório. Gostava de ler. Só não entendia os jornais convencionais que tratavam de tantos assuntos sem sentido para ele.
Saber por que as coisas são como são deixara de ser uma preocupação de Everaldo havia muitos anos. “Não vale a pena”, concluía.

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No balançar do coletivo, via as fotos de seu time, os comentários sobre o último jogo, a situação da parceria firmada com o clube e as notícias dos rivais. Ao lado, com um exemplar dos jornais complicados que Everaldo evitava, estava um homem de média idade. Não saía do editorial. Seus olhos quase saltavam para dentro da página tipo Standard, mas sua postura era reta como a de um pau.

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Do alto de seus sei lá quantos anos de idade imaginava: “Só mesmo um imbecil como esse perde tempo com algo tão efêmero”. Como que percebesse os pensamentos do velho, Everaldo conversava silenciosamente com os seus botões: “O que será que esse tio está pensando? Será que ele pensa ser mais culto do que eu por ler um daqueles jornais? Será que ele realmente entende o que se passa no mundo?” E não parou aí.

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“Ele não deve saber que caiu um ministro; por que as ações da Bovespa sobem tanto; que Judas não é tão ruim quanto pensáramos; que Bush continua sua cruzada imperialista...”, pensava o homem, já com um ar de superioridade em seu semblante senil.

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Everaldo prosseguia: “Ele não deve entender a razão de um técnico ser demitido do cargo; por que o Santos demorou tanto para vender o Robinho; ele não sabe que crucificar o Barbosa já é assunto arcaico e não conhece o mundo sujo dos cartolas!”

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Enfim, chegaram à última paragem. Um olhou para o outro, pensando reciprocamente: “Que droga de cultura!” E cada um foi para o seu trabalho. Começava mais um dia na grande cidade.

7 de abril de 2006

A FRUTA E A RAIZ


Quem é que disse que eu não sou importante?
Só porque não sou tão vistosa quanto és?
Embora esteja encoberta pela terra
Eu te alimento mesmo sendo os teus pés.
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Esse teu brilho cativante a todos chama
Para provar do doce sumo que há em ti
Recebes carinhoso afago de dois lábios
Tão encantados pela tua cor rubi.
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Enquanto isso, tenho chuvas e minhocas
As companheiras de tempos ruins e bons
Quando o sol sobe, sempre queima minhas costas
Por isso tenho esta minha cor marrom.
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És como o maior país capitalista:
Tomas de outros sempre a pensar em si
Mas tua beleza e esplendor dependem de outros –
Ramificados, fortes como o Brasil.
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Mas se quiseres gabar-te, Dizendo as mesmas bobagens
Lembra que uma semente há em ti
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E outra árvore haverá – Feliz –
somente se existir
Harmonia entre a fruta e a raiz.

23 de março de 2006

Retorno!!!

Alguns meses se passaram sem que aqui houvesse um suspiro insano deixasse eu. Portanto, na semana que vem retorno, com contos, críticas, poesias e o que mais vier à mente.
Até lá!