19 de dezembro de 2009

Pequenas intrusas

Não bastasse tudo o que já havia enfrentado, tinha de entrar naquela casa novamente. Não obstante, esta seria a última vez em vida.

Parada, ali, na grama do jardim, em frente à casa solitária na qual brincara por diversas vezes quando de sua infância, Selma mergulhou numa lembrança vívida e contraditória, mesclada de raiva e ternura, amor e ódio, revolta e conforto—coragem e medo.

Embora soubesse o que tinha de fazer, parecia perdida; seu olhar era baixo e desprezível. A chuva começava a cair naquela noite. Talvez tenha sido isso, talvez a esperança de vê-los novamente ou, ainda, a combinação de ambos que fizeram seu semblante mudar repentinamente. Recrudesceu.

Clareada pelos relâmpagos, parecia decidida agora. Apenas tinha de abrir a porta, atravessar a longa sala de estar, onde seus pais recebiam os amigos. Os sofás ainda exibiam as marcas das unhas, as janelas quebradas permitiam que o vento entrasse e trouxesse um pouco de ar límpido para aquele recinto, abandonado havia cerca de 20 meses.

Ao lado direito, após uma passagem larga e com batentes finamente trabalhados com madeira e pedras brilhantes como ornamento, havia uma sala igualmente acolhedora, onde comemoraram várias conquistas, celebraram as ceias dos natais de sua infância e onde havia uma mesa com os quatro pratos e pares de talheres que seriam usados no jantar daquela noite fatídica.

Quando se deu conta de que estava já ali, sempre iluminada pelos relâmpagos, se propôs a subir as escadas. “Isso será rápido e indolor”, pensou. Estava enganada. Ao voltar-se para a sala de estar, notou um movimento anárquico e sem uniformidade, tal qual uma TV fora do ar. Estavam ali, acima dos batentes da passagem. Começaram a sair de todas as frestas, que agora se expunham nas portas e nas paredes. A casa clareou por mais uma vez. O suficiente para perceber as centenas de aranhas que pareciam sentir a presença da visitante, outrora, uma das habitantes daquela casa, agora, tendo como seus donos aqueles aracnídeos repugnantes.

Também foi o bastante para que visse a cozinha e os armários onde mantinham arroz e outros grãos, bem como os doces em barra, os potes de frutas em conservas e as panelas que usavam na preparação das refeições. Algumas das quais estavam em cima do fogão desde a noite em que levaram seus pais. Conseguia ver que elas, as novas donas da casa, também estavam ali, mas começaram a sair das panelas. Marchavam em sua direção. O vento continuava a entrar, balançando as longas teias que se formaram ao longo daqueles meses.

Ficasse naquela sala de jantar, seria encurralada pelas aranhas marrons, pretas, viúvas-negras e caranguejeiras que se apressavam diante dela. A comida acabara havia já algumas semanas. Estavam famintas. Entretanto, mais pavorosa era a idéia de passar por debaixo daquele batente, em direção às escadas que acessavam os quartos da casa assustadora. “E se uma delas cair em meu cabelo?”, conjeturava. “Dane-se o cabelo”, concluiu. Tomou coragem e passou. Nenhuma das aranhas caiu sobre ela. Contudo, os passos rápidos incomodaram as que estavam no assoalho.

Como uma enchente, elas subiam e pareciam se amontoar umas sobre as outras no chão da sala de estar. Selma subiu as escadas desesperadamente. A cada degrau que subia, podia sentir como se algo estivesse estourando sob seus pés. Aranhas minúsculas subiam pelos seus pés e pernas, tão rapidamente quanto Selma subia os dois lances de escadas, com curva à direita.

“Em qual dos quartos, qual será?”, perguntava a si mesmo com a voz já embargada pelo desespero e o asco incontrolável daquelas aranhas que estavam em suas pernas. Tentou retirá-las dali num movimento rápido e esbaforido. Com elas, saiu também uma parte da pele, expondo sua carne. Ávidas por alimento, aquelas aranhas estranhas e pequeninas, nunca catalogadas por qualquer livro, mais pareciam piranhas de oito pernas. Possivelmente, uma mutação que se desenvolveu ali, resultado do isolamento e das mudanças climáticas. Claro, para os antigos cientistas da ONU, tudo poderia acontecer em função do clima. Entretanto, não havia ciência que explicasse aqueles dias infernais. Afinal de contas, já não havia mais ciência ou teorias que explicassem qualquer fenômeno ou seres. Sequer uma explicação sobre o próprio destino da humanidade.

Desde que os mares subiram a um nível nunca pensado – não pelo câmbio climático, mas pela pressão interna da Terra, que fez aqüíferos como o Guarani expulsarem toda a água que havia sob a superfície terrestre – todas as formas de vida remanescentes se concentraram naquela estreita faixa de terra entre o Pacífico e o Atlântico.

No ano de 2109, o homem tornara-se ignorante, asqueroso, inculto e rudimentar: voltou ao tipo de vida experimentada antes da Revolução Industrial. Apenas os lugares mais provincianos não foram afetados, como sua cidade. Um lugar onde ainda havia energia elétrica, embora ninguém mais dominasse sua produção. Mas não houve luz naquela noite. Não artificial.

E ainda que houvesse, não deteria aqueles seres que pareciam ser o próprio mar. Selma lamentou que o mar não tivesse avançado mais e destruído de uma vez a todos. Contudo, o mar de aranhas avançava, na mesma proporção em que sua loucura se tornava evidente.

Em meios aos gritos, vasculhou o quarto de seus pais, na busca da pista que a levaria ao próximo desafio – o derradeiro. Nada encontrou, além de mais e mais aranhas. O sangue que agora escorria por suas pernas atraía também as baratas pretas que saíam do forro. Correu para seu quarto. Nada encontrou que pudesse desvendar o enigma. Lembrou-se, então, de que sua irmã, levada com seus pais, costumava escrever seus segredos em rolinhos de papel e os punha dentro da fronha, sob o travesseiro que usava. Acreditava que se dormisse sobre eles os manteria seguros e que os desejos se realizariam.

Teve certeza de que ali estava a resposta. Como colocar a mão ali? As aranhas minúsculas também estavam lá. O travesseiro ficou cheio delas, mas Selma teria de procurar.

Colocou sua mão dentro da fronha. Sentiu que as aranhas continuavam a subir em suas pernas e estavam também nas mãos, que procuravam pela resposta do jogo maldito em que havia sido posta. Entre cartas de amor, fotos de amigos e os inúmeros papeizinhos, Selma encontrou um cartão-postal. Era da cidadezinha onde haviam passado uma de suas férias. Antes, uma pacata cidade ao pé da cordilheira, agora, uma fria cidade da nova geografia; uma nova cidade litorânea, mas que não tinha perspectivas de receber turistas, apenas a corajosa Selma, em busca da possível resposta. Havia um post it na parte de trás do cartão, que dizia: ALI, ONDE BATER A LUZ DO SOL NASCENTE, TU ENCONTRARÁS A ÚLTIMA PISTA. CONTUDO, NÃO ENCONTRARÁS A LUZ, POIS TUA VIDA APAGAR-SE-Á AO FIM DO MESMO DIA.

Selma já sabia para onde deveria ir. Imaginava qual seria o último desafio daquele jogo macabro. Antes, porém, tinha de sair daquela casa maldita. Suas mãos, infestadas pelas aranhas, expunham as úlceras e fediam. A carne apresentava fissuras, pelas quais as aranhas entravam. Selma já não sentia medo. Não sentia dor. Desceu as escadas vagarosamente, mas decidida. Ao sair da casa, olhou para trás. Um raio atingiu sua antiga morada, reduzindo-a a escombros e uma fumaça preta. Suas mãos voltaram ao normal, bem como os pés. Vencera aquela etapa. Venceria a última?

5 de dezembro de 2009

Fácil não: Flamengo terá que suplantar a si mesmo para ser campeão...


Amanhã será conhecido o campeão brasileiro de futebol. Embora seja defensor de um campeonato com finais, não posso admitir que este campeonato foi muito bom, chegando à sua última rodada com quatro times disputando o título.

O campeonato só não está nas mãos do Flamengo porque o São Paulo terá o frágil Sport pela frente e o Inter pega o desesperado Santo André. O único que joga fora (e tem um páreo mais difícil) é o Palmeiras, que vai ao Rio enfrentar o Botafogo.

Pouca gente acredita, mas se o Grêmio terá 7 reservas em campo, a chance de que eles coloquem erva-mate na caneca de chopp dos cariocas aumenta. Um empate seria o suficiente para o Inter se sagrar tetra-campeão. Acredito ser possível, mas o Mengo tem uma mão na taça.

Copa do Mundo

Ao contrário do que a mídia está anunciando, o grupo do Brasil (Portugal, Costa do Marfim e Coreia do Norte) não é o mais difícil. Os dois primeiros devem se classificar, embora com maior dificuldade que Espanha, Argentina, Alemanha, Itália e Inglaterra.

Osso duro será o grupo da África do Sul, que terá Uruguai, França e México. Não tenho dúvidas de que esse sim, será o grupo mais equilibrado - o grupo da morte.

21 de novembro de 2009

O apagão do jornalismo

Os dias estão muito corridos, como ainda não ganho a vida do jornalismo, não tenho tanto tempo para executá-lo também.
Contudo, não posso deixar de tecer uma crítica ao fato de que a prática do jornalismo está cada vez mais apagada, no sentido de seu brilhantismo de outrora e sentido de serviço público.
Claro que um apagão como o que houve preocupa as pessoas e a busca por respostas é justificável, mas o que se viu, leu e se ouviu foi uma cobertura enviesada pela política. Todo mundo "descendo o porrete" no governo federal.
Curiosamente, a "maior obra de transportes do país" foi abaixo, literalmente. Exceto a Rede Record, que tratou o assunto também com interesses, o restante da mídia minimizou os fatos.
Infelizmente, o exercício da imprensa não ajuda na formação do indivíduo, mas confunde-o mais que antes da veiculação das notícias. Falta o primor pelas pautas sociais e de real importância para a sociedade.
Mas enquanto existirem ex-alunas com minissaias para se sugar até o último, teremos uma cobertura rasa, pobre e tendenciosa.

31 de outubro de 2009

Vagas?

Após algumas semanas ausente, volto a escrever. Volto com a seguinte questão em mente:
O que leva um bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo e especialização latu sensu em Comunicação Empresarial e Institucional a buscar outras formas de subsistência?

A resposta é simples. Não há espaço para todos os profissionais. Por isso, é necessário, para os que ainda mantêm o desejo de exercer a profissão de comunicador, seja na imprensa ou nas empresas, que se criem as oportunidades.

Muitas vezes as chances não serão criadas pela hierarquia, mas serão fruto das ações pioneiras de funcionários pró-ativos. Contudo, na maior parte das vezes, as vagas sequer serão criadas. Como fazer, então?

Os concursos públicos são uma eterna boa opção. Não dependem de Q.I., não requerem anos a fio de experiência e, normalmente, oferecem salários atrativos. Claro que para conseguir uma colocação se deve estudar muito, mas depende só do candidato.

Quem sabe não seja o caminho para nós, que não temos Rabo Preso com ninguém?!

28 de setembro de 2009

O homem cria condições que ele mesmo não utiliza...

Reflexões sobre a evolução tecnológica!

McLuhan afirma que os meios são extensão do homem. Baseado nesse conceito, é possível afirmar que o homem é que evoluiu, sendo a evolução tecnológica uma conseqüência do avanço humano.

blig.ig.com.br
Entretanto, o homem ainda não aprendeu a usar, em seu próprio benefício, as inovações que vieram com tanta tecnologia, sobretudo na comunicação. E os que acham que os meios tradicionais são obsoletos não enxergam algumas facetas obscuras dos meios em geral.
Deve-se ressaltar que a mídia tradicional tem a capacidade de ser tão interativa quanto aos novos meios, mas seu potencial também é subaproveitado. Um programa de rádio ou televisão, por exemplo, pode ser interativo, sim. Os meios impressos também. A grande questão é saber se os detentores dos meios querem ser tão interativos.

Afirmar de modo categórico que a Internet trouxe tal interatividade também pode ser um equívoco. Até que ponto se pode afirmar que uma mídia é democrática se, em muitos dos fóruns que existem, as mensagens do internauta serão avaliadas antes de sua publicação?

Os conteúdos também podem “subir” às páginas de modo a privilegiar determinados pontos de vista, em detrimento de outros. Falar sobre participação e meios de comunicação é um pouco complicado no Brasil. Basta estudar a história da Comunicação aqui.

Entre mortos e feridos, é inegável que, acima de todos os outros, a Internet é o meio que pode propiciar maior participação, gestão democrática dos conteúdos e discussão sobre os rumos a serem tomados, o que não significa que já o seja hoje. É preciso avançar mais.

7 de setembro de 2009

Independente do quê?

Foto: familycourtchronicles.com
O Brasil comemora mais um ano de independência. Mas do quê? Ou de quem?

Em quase 190 anos de governo independente, não conseguimos nos libertar da servidão da desigualdade, exacerbada nos grandes centros.

Ainda somos uma república de bananas, que não investe o suficiente na educação de base e que no topo deixa seus cérebros imigrar para países como o Canadá.

Não existe independência na saúde. O serviço público é um caos, mas os serviços particulares deixam a desejar também.

Isso sem falar da segurança pública, que sofre um processo oculto de privatização. A maior parte das empresas de segurança tem como proprietários os coronéis das PM's de todo o Brasil. Claro, estão registradas em nome de laranjas.

As grandes fusões bancárias servem aos interesses de poucos. Concentram o crédito e caracterizam um cartel sem escrúpulos dos quais o setor (realmente) produtivo fica refém. Para que serve o CADE? Cadê o CADE?! Deviam ir para a CADEia junto com os banqueiros.

Além disso, temos a multiplicação das inverdades se proliferando na grande mídia. O jornalismo serve apenas aos interesses dos poderosos. Seu caráter funcionalista pinta com as cores do país do futuro uma nação que só se vê nas telas de TV.

Existem dois Brasis. Um que é o mundo encantado da burguesia. Outro que não vive, mas agoniza e espera pelo dia em que alguma revolução, liderada por algum líder que ainda venha a nascer, leve a cabo um processo de indepêndencia dos que controlam e mandam neste país.

9 de agosto de 2009

Tempo: o desafio do novo século

Foto: Alex de Souza

O tempo, todos sabem, está cada vez mais escasso. Isso tende a piorar.

Os meios de comunicação, em vez de aumentar, fizeram com que se tornasse ainda mais fugidio. As semanas não passam, voam.

O excesso de informação, dizem alguns, desinforma.

Na última semana li muito sobre Sarney, Gripe Suína e sobre Honduras, mas não me considero informado.

Como diria Raul Seixas, "não preciso ler jornais, mentir sozinho, eu sou capaz". Será que o que lemos lá nos grandes jornalões é a verdade? Só o tempo dirá.

Talvez antes que imaginemos, afinal, ele está mais rápido. Só não sei se mais verdadeiro, mais leal.

O tempo se assemelha às águas de um rio: passam para não mais voltar. Não obstante, trazem consigo os sedimentos de lugares longínquos, respostas e uma imagem singular, nunca vista antes daquele momento particular.

26 de julho de 2009

Metrô de SP ainda está longe de ser, de fato, um bem público

Foto: pslumiar.blogs.sapo.pt


Foi inaugurada hoje a estação Pinheiros da linha amarela do metrô de SP. Esse governo não faz tanta propaganda quanto o anterior, porque sabe que ainda há muito o que avançar.


Em Lisboa, Portugal, o sistema de transporte é bem diferente do que temos aqui. O transporte é encarado como um dever do Estado. Tanto é verdade que parte dos custos de transporte são subsidiados por ele.

Foto: tvi24.iol.pt
E quem pensa que, por estar na Europa e fazer parte da comunidade, o país nada em rios de dinheiro, afirmo que está enganado. A diferença é que o Estado pensa um pouquinho mais nos seus, o que faz uma enorme diferença. Bem, vamos aos números.



Dados físicos

Lisboa tem pouco menos de 500 mil habitantes (metade da população de Campinas), mas em uma área de 84 km². Entretanto, possui 40 quilômetros (ou quilómetros, como diriam os gajos alfacinhas) de linhas de metro com 46 estações (lá não é metrô, é metro mesmo, como a fita métrica). Isso mesmo! E são 64 quilômetros de linhas de comboios (trens, mas pronuncia-se o primeiro "O" de modo aberto: "combóios") na região metropolitana da capital.

São dados crus, frios. Entretanto, já mostram a dimensão da diferença. O Estado de São Paulo, segundo informações oficiais, possui 60 quilômetros de metrô e 240 de linhas de trem. São Paulo é 20 vezes maior que a população lisboeta, mas se compararmos as duas regiões metropolitanas, são 25 milhões aqui para 3 milhões de habitantes lá.

Admito que o desafio é muito maior aqui, mas isso não pode servir de desculpas para nós. Para ninguém dizer que estamos a bater em bêbado, vou comentar, e bem rapidinho que é para não dar mais vergonha, que Nova Iorque, com a qual os paulistanos adoram fazer comparações, tem apenas:

1142 quilômetros de metrô. E quase 500 estações. Nem vou procurar saber sobre os demais meios. That's really a shame for us!



Foto: pestinha94.blogs.sapo.pt


Valor do transporte

Para sair de um bairro de Barueri, na região metropolitana de São Paulo, para trabalhar na capital, caso tenha de tomar apenas o trem, o trabalhador gastará cerca de R$ 110,00 dependendo do número de dias trabalhados. Caso tenha de tomar ônibus, a conta aumenta. Não gastará menos que R$ 130,00, em média.

O contribuinte ou o seu empregador é quem paga pelo custo, sendo que boa parte do valor fica com as empresas privadas, no caso dos ônibus.


Em Lisboa, há um sistema interessantíssimo. No início de cada mês, o usuário de transporte que possui uma carteirinha pode comprar o passe. Isso só pode ser feito no primeiros 10 dias de cada mês, quando o passageiro que só circula em Lisboa compra o passe L, por 30 euros e circula livremente em todos os meios de transporte: Autocarros (ônibus), Electros (bondes), Comboios (trens) e no Metro.

Em alguns casos, paga-se mais por um trecho maior, mas as tarifas mais caras são de cerca de 70 euros. E você pode usar: QUANTAS VEZES FOR NECESSÁRIO!!!

Repetindo: QUANTAS VEZES FOR NECESSÁRIO!!!

Caso opte pelos outros passes (L1, L12 ou L123) o preço aumenta, bem como o raio de abrangência das viagens a que o cidadão tem direito.

Muito bom o sistema brasileiro, não?!

E se engana quem pensa que a qualidade dos serviços dele é inferior. Nada disso. É tudo coisa boa. Os autocarros possuem piso baixo, pois pensam em seus idosos. Aqui, o idoso tem de escalar, literalmente, as escadas dos nossos "busões" que são tão bons, não é senhores tucanos e demonicráticos?

También los hemanos están mejores que nosotros

Mesmo na Argentina, o transporte é mais barato e funcional (tudo bem que são velhos os meios, mas são baratíssimos). Para o trabalhador, preço ainda vem antes de qualidade.

É por essas e por outras que o candidato à presidência da república que adora privatizar tudo (por que não vende a mãe?!) não deve mentir de modo descarado e pensar que nós somos trouxas. Não existe expansão, a não ser no bolso de alguns!

21 de julho de 2009

LUANDA É AQUI

Depois de tantos anos, finalmente, eu te encontrei;
Apesar dos pesares, tudo agora vai ficar bem.

Em mim ficou a ferida de te ver assim partir
E esta guerrilha sem razão que tem destruído meu país.

Será que um dia vamos ter esperança e dignidade?
Será que um dia vamos achar velhos amigos, igualdade e paz?

Muitos longe estão, atravessaram este continente,
Que tem sido explorado por aquela gente!
Que consigam sonhos realizar, manter a fé e não desanimar,
Ainda que não voltem a Luanda.

Miséria, fome e guerra: trio inseparável e vil;
Presente não só em Angola, mas também em partes do Brasil.

Há gente de bem que morre, enquanto muitos maus não;
Não ainda lá, mas a caminho da temível destruição.

Será que um dia haverá justiça e paz em todo lugar?
Amor fraterno, pois que nós somos irmãos: liberdade em nossos corações.

Muitos longe estão: além das fronteiras da razão.
Bebidas, drogas, desemprego com a péssima educação;
Junte tudo isso, receita boa pra formar bandido
Que tem sido usada em nosso país e no Brasil.

6 de julho de 2009

Quinta eterna

Nada há mais monótono, depressivo ou desencorajador do que uma manhã cinzenta de quinta-feira. Da última vez em que tive um dia assim, não vi o dia passar. Não porque tenha sido rápido. Simplesmente, não passou, não empolgou, não nutriu, tampouco partiu. Pior que isso: ela se estendeu.

1 de julho de 2009

11 de junho de 2009

EDUCAÇÃO É MAIS DO QUE ESTAR NA ESCOLA

Muito se fala sobre a educação e o seu papel no desenvolvimento do indivíduo e da sociedade. Os governos têm se preocupado em priorizá-la por meio de diferentes objetivos. Mas, que tipo de ações educacionais implementaram: qualitativas ou quantitativas?

Acordos com a Organização das Nações Unidas (ONU) prevêem a erradicação do analfabetismo, a qualidade no ensino e o fim da evasão escolar. São metas louváveis. Porém, o Brasil está longe de atingir esses objetivos, uma vez que – as ações não visam à educação das crianças e adolescentes, mas, sua escolarização. Segundo o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), em sua página eletrônica, houve cerca de 34 milhões de matrículas no ensino fundamental em 2004 e 10 milhões no ensino médio regular, com apenas 676 mil no nível técnico.

O número dos que ingressam no ensino fundamental é considerável; porém, muitos não concluem o ensino médio. As vagas nas escolas técnicas são insuficientes para a demanda de alunos que concluem o ensino fundamental. Grande parte dos que não tiveram uma formação técnica encontra maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho.

A escola deveria ser o lugar onde os alunos aprendessem uma profissão, a relacionar-se com os outros e preparar-se para a vida adulta; pois, além da função pedagógica, a escola tem essa função social. Não faz muito, havia aulas de música, filosofia e oficinas profissionalizantes nas escolas de ensino regular, para citar alguns exemplos.
Em um mundo tão racionalista e violento, a música traria bons sentimentos para o jovem; conhecer uma profissão lhe daria a auto-estima e a segurança necessária para enfrentar desafios; e, ao refletir sobre o mundo em que vive, encontraria respostas às suas questões, ou o caminho para elas.

Talvez, o custo desse tipo de escolas seria insignificante, perto das possibilidades futuras, porque além de diminuir o analfabetismo, resolver-se-iam muitos problemas sociais como a falta de oportunidades e a violência desmedida.

Quanto ao número de matrículas, não pode ser interpretado como pessoas alfabetizadas por não representar a realidade da educação no Brasil. Hoje, é possível verificar um sem número de adultos que são analfabetos funcionais, lêem sem entender plenamente os significados e têm sua vida social prejudicada. Segundo estudos do INEP, a leitura dos alunos brasileiros é deficiente.

Os dados constam no relatório do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), encontrado na página do INEP. No relatório global Educação para Todos, divulgado em novembro de 2005 pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), o Brasil é comparado a países como Hungria e Polônia, quanto aos alunos matriculados; quando a qualidade de ensino é o parâmetro, o Brasil equipara-se a Zâmbia e Senegal.

Para um país em desenvolvimento, é muito pouco. Países mais pobres, como o Chile, investem mais em educação e são comparáveis à Espanha e à Coréia do Sul, por exemplo. Pode-se afirmar que, no Brasil, há uma preocupação maior com o número de pessoas estudando do que com a qualidade do ensino.

Além disso, a família – tão carente de instrução quanto os filhos – não pode contribuir de modo significativo na educação formal dos seus, deixando aos governos toda a responsabilidade pelo ensino. Não basta priorizar a escolarização, mas a educação. Existem bons exemplos a serem seguidos. Imprimir qualidade ao ensino é o que se deve fazer para que as crianças de hoje vivam em uma sociedade mais esperançosa, igualitária e humana, no amanhã.

31 de maio de 2009

Susan Boyle não perdeu. Ela ganhou. E muito!

Há algum tempo escrevi o texto abaixo, que trata do fenômeno Susan Boyle como um fenômeno midiático. No texto, afirmo que não é apenas isso. Contudo, também é isso (que doideira)!

Embora tenha perdido o concurso, ela ganhou muito em notoriedade. E, por que não, nós também? Ganhamos muito ao ver alguém como ela. Segue texto escrito há algumas semanas:

Foto: hitnarede.com
Mais que imagem, o talento arrasta o público

Não vejo outra forma de explicar o "fenômeno midiático" (creio ser mais correto afirmar que se trata de um fenômeno musical, e por isso chamou a atenção) se não passar primeiro pelo fato daquela senhora ter um talento fora do comum.

Bem, talento a parte, inicio a análise do fenômeno pelo fenômeno. Uma vez que algo é curioso, inusitado ou inesperado, o interesse do público aumenta. De modo estereotipado, o público estava condicionado a enxergar pessoas como Susan Boyle um fiasco, seja qual for a situação a que estejam expostas.A balançada que ela dá na cintura logo após ter divulgado sua idade provoca risos na platéia e entre os jurados.

É uma imagem forte. Citando Ciro Marcondes Filho, a imagem é "o sentido mais preciso para sua (referindo-se ao homem) orientação". Sem envolver o talento (se é que isso é possível), o fato de ter ocorrido uma surpresa ao público, algo inesperado e que quebrou o mesmo estereótipo anteriormente criado, conduz com essa mesma força a busca desencadeada na rede mundial de computadores.

O fenômeno Susan Boyle se fortalece na medida em que os anônimos de talento de todo o mundo se realizam na fantasia de que poderiam ser elas as cantoras daquele palco, como afirmam Santaella e Nöth.

No momento em que ocorre a identificação, há também uma opinião formada, que no caso de Boyle foi a mais favorável possível.Susan quebrou paradigmas que os próprios meios e a sociedade impuseram aos seus programas formatados. As pessoas estão carentes de personalidades. As celebridades tomaram seu espaço.

Claro que pode ser mais agradável ou belo (e o conceito de belo é bastante discutível, especialmente nesse caso) ver uma celebridade como a jurada que aparece no programa, mas ouvir Susan nos faz pensar que ela é uma personalidade, independentemente de sua imagem. E, sim, é uma exemplificação do belo, tal qual uma foto de Sebastião Salgado.

2 de maio de 2009

Piracicabano pode vencer prêmio de música erudita

Fonte: www.quintetovillalobos.com.br






Luís Carlos Justi integra o Quinteto Villa-Lobos, que está na final do Carlos Gomes.

Piracicaba terá um músico entre os finalistas do Prêmio Carlos Gomes de música erudita, uma das premiações mais importantes do país. A entrega dos prêmios será no dia 11 de maio, em um conhecido espaço artístico da capital: a Sala São Paulo.

Luís Carlos Justi toca oboé no Quinteto Villa-Lobos, que concorre na categoria de melhor conjunto de câmara. O grupo chega à final credenciado pelas turnês no interior do Estado do Rio de Janeiro, bem como os eventos realizados no Chile, Paraguai, Peru e Equador, em 2008.

Na Escola de Música de Piracicaba estudou com Ernst Mahle e José Davino Rosa. Na mesma escola, obteve o primeiro lugar do II Concurso Jovens Instrumentistas do Brasil, em 1973. Mais tarde, se aperfeiçoou na Escola Superior de Música e Teatro de Hannover, Alemanha, pelo DAAD, Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico.

Justi é doutor em música com a tese Uma visão da interpretação em Villa-Lobos – o Duo para oboé e fagote. É diretor artístico do Festival de Música de Câmara de Caxias do Sul e do Festival Internacional de Música Brasil-Alemanha, um convenio da Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) com a Escola Superior de Música de Karlsruhe, Alemanha.

Além de Justi, o quinteto conta com os professores universitários Antonio Carrasqueira, flauta; Paulo Sergio Santos, clarinete; Philip Doyle, trompa; e Aloysio Fagerlande no fagote. Este, assim como Justi, é doutor em música com uma tese sobre Villa-Lobos. “Assim, somos dois "doutores" em Villa-Lobos no QVL”, ressalta o piracicabano.

21 de abril de 2009

Ronaldo e a águia

Fonte: SXC
Será que alguém mais além dos corintianos acredita que ele volta à seleção?

Pois se há cinco meses só a fiel torcida acreditava, hoje a história é bem diferente. Tal como a águia, Ronaldo mostra sua capacidade de recuperação.

A águia vive cerca de 70 anos, assim como alguns dos humanos. Contudo, elas enfrentam um desafio imenso ao chegarem à metade de sua vida. Isso porque seu bico e garras se encurvam de tal modo que a caça fica impossibilitada.

Diante da situação adversa, ela tem duas opções: morrer de fome ou quebrar o bico, esmurrando-o nas rochas, bem como com as garras.

Elas escolhem a segunda opção. O processo é doloroso; mas, terminado, eis que surge uma nova criatura. Da mesma forma, muitos de nós temos momentos cruciais em nossa vida. A atitude em relação ao problema é o que vai determinar nossa sobrevivência.

Ronaldo não está novo ainda, mas o processo de renovação está quase concluído. Quem sabe com um título!

29 de março de 2009

Quem se engana com Obama?

Fonte: sxc.hu
Um negro com idéias neo-liberais. Não que um negro não seja a pessoa ideal para liderar o mais poderoso entre os países deste planeta, mas a cor da pele não significa nada se as atitudes não forem condizentes.

Menos de dois meses no poder e ele já anunciou a ida de milhares de soldados yankees ao Afeganistão. Luta pela liberdade? Defesa dos ideais democráticos? Só se for para os interesses dos norte-americanos.

Ah, e tem mais: ele não é um Messias. É apenas mais um americano. E como americano (dos Estados Unidos) ele também adora uma guerra. É uma coisa arraigada no DNA daquele povo.

A indústria bélica precisa de uns trocados. Seria essa tática uma maneira de driblar a crise?

Todos sabem: Para resolver crises econômicas, faça a guerra!


Lula tinha razão, esse rapaz precisa de inteligência divina, ou fará tolces maiores que as cometidas por Bush.

1 de fevereiro de 2009

Brasil: Um país de todos!

Autor: Alex de Souza - Ponte Antártica, SP
Um prefeito queria construir uma ponte e chamou três empreiteiros:

um japonês, um americano e um brasileiro...

- Faço por US$ 3 milhões - disse o japonês:
- Um pela mão-de-obra.
- Um pelo material.
- E um para meu lucro.

- Faço por US$ 6 milhões - propôs o americano:
- Dois pela mão-de-obra.
- Dois pelo material.
- E dois para mim... mas o serviço é de primeira!

- Faço por US$ 9 milhões - disse o brasileiro.
- Nove paus? Espantou-se o prefeito. Demais! Por quê?
- Três para mim.
- Três para você.
- E três para o japonês fazer a obra.
- Negócio fechado! Respondeu o prefeito.