30 de maio de 2006

A arte de contradizer-se

Faça o que eu digo, não o que faço

O jornalista Ricardo Noblat é um ótimo professor. Em seu livro “A arte de fazer um jornal diário” ele ensina o que deve ser evitado, mesmo abominado pelo aspirante ao nobre exercício do jornalismo.
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Mas, contudo, todavia, porém, entretanto, não obstante, (não se faz isso em um texto crítico) ele próprio não aplica as lições que tanto pregou. Após ficar desempregado por algum tempo (acontece com todos), ele construiu um blog (diário eletrônico) em um provedor de Internet.
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Seu blog agradou tanto que, em pouco tempo, recebeu um convite de um jornal com grande circulação nacional para manter um blog (que termo chique) em sua página virtual. O Blog do Noblat (até que rima) é um ótimo exemplo de como é fácil dizer uma coisa e fazer outra.
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Noblat apresenta um discurso polifônico. Há diversas citações e textos que não são de sua autoria. Pode-se observar que, por vezes, textos inteiros parecem haver sido vítimas dos tão marginalizados Ctrl+C e Ctrl+V.
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A conclusão a que chegamos é de que Noblat é um jornalista contraditório (esperamos que não como pessoa). Justificaremos as afirmações nos parágrafos a seguir:
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Usaremos o seguinte esquema:
O que o livro ensina:
O que Noblat faz:
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O que o livro ensina: Não opinem.
O que Noblat faz: Dia 1o de Abril, 22:19. No texto “É o que basta” expõe de modo claro a sua própria opinião sobre o governo Lula e diz no que o governo não deveria ter falhado.
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O que o livro ensina: O lide morreu.
O que Noblat faz: Usa constantemente, e mal. No texto “Acharam a caixa preta”, 18:28 o primeiro parágrafo poderia ser melhor estruturado.
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O que o livro ensina: Escrever bem é imprescindível.
O que Noblat faz: No texto “É o que basta” há um erro de concordância verbal ou, no mínimo, uma contaminação pelos termos anteriores. Ele flexiona o verbo no plural quando o correto seria fazer a concordância com o primeiro termo.
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No texto “Ele chegou” o lide está tão bonitinho, tão estreito, que mais parece ser uma cópia.
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O que o livro ensina: Informar bem.
O que Noblat faz: Texto “Vox Populi” (10:19); ele diz ‘uma ampla pesquisa’; o que vem a ser uma ampla pesquisa? Pesquisa não se dão por amostragem? O que é amplo, neste caso?
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O que o livro ensina: Não coloque dúvidas em seu leitor. Não use a palavra pode em títulos.
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O que Noblat faz: No texto “CPI pode virar pizza” (5:16). Ou se esqueceu do que ensinara, ou, estava com sono mesmo. A matéria nada esclarece.
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O que o livro ensina: Não use chavões.
O que Noblat faz: “Vamos lá”, “acima de tudo” são alguns exemplos. No texto “Todos perdem” (21:26). “Cada vez mais” no texto sobre a CPI. E por aí vai (por aí vai também é chavão).
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O que o livro ensina: Não use adjetivos.
O que Noblat faz: “Merda, condescendente, bobalhão, inepto, escandalosas, ampla, etc. e tal. Encontrados nos textos supracitados.
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O que o livro ensina: O jornalista deve apurar.
O que Noblat faz: Noblat é parente da Mãe Dinah ou tem muitas fontes que lhe tornam possível afirmar as coisas que ele diz.