12 de setembro de 2005

O AMIGO DA ONÇA



Naquela manhã, na sala de aula, os alunos estavam já cansados do ritmo frenético com o qual a professora ditava o texto. Mas o pior não era isso, mas a sisudez da megera. Quem ousaria quebrar aquela rigidez estampada em seu rosto? Ela quer nos matar! – pensava um aluno. Quem ela pensa que é para ditar tão rápido? – outro. Agora entendo o que é ditadura, e por que isso foi tão ruim! – um terceiro. Embora todos pensassem algo negativo sobre a ditadora, ou melhor, sobre a professora, ninguém esboçava sequer uma expressão de descontentamento. Ninguém questionava os seus métodos.
Mas em toda turma, sempre existe aquele que quebra regras; o cara que não tem superego; o cara que seria capaz de fazer uma revolução por seus direitos como aluno. O Martin era um desses. Ele já estava inquieto. Não conseguia parar de olhar para a professora mas, sem coragem, não dizia uma só palavra. Experiente como era, a professora percebeu a atitude do rapaz e fitou-o bem nos olhos. Aproveitando a brecha, o menino mandou ver:
–Pode repetir as últimas duas frases, professora?!
Ao que ela retrucou, dizendo: – O que houve?
–A senhora poderia repetir um pouco mais devagar? Eu me perdi, professora! Respondeu o garoto, quase comovido pelo lapso e esperançoso de uma atitude bondosa por parte da educadora.
–É a última vez que vou repetir, portanto, preste muita atenção. Era a primeira vez que ela repetia o texto.
Depois dessa, ninguém mais se arriscaria a interromper o ditado, que continuava em ritmo de um carro de F1. O tempo passava rápido, tanto quanto as palavras que saíam da boca da ditadora, isto é, da professora. O silêncio era sepulcral na sala de aula. O sol da manhã já não era ameno e isso fazia o recinto ficar abafado. Os alunos pareciam exaustos da tarefa. A menina que se sentava em frente virou-se para Martin, perguntando a última frase dita pela professora. Após haver ajudado a colega, percebeu que tinha se perdido.
–Professora! – disse o garoto.
–O que foi desta vez? Você se perdeu de novo? – indignou-se a professora.Não. Minha amiga aqui é que se perdeu e fez com que eu me perdesse também!

5 comentários:

Anônimo disse...

Essa aí foi dose!

Anônimo disse...

Realmente,o título caiu como uma luva...

Nuno J. Loureiro disse...

Essa professora, apesar de ditadora até era muito suave. No meu tempo a "dita dura" era a régua que a professora usava na sala de aula caso alguma aluno se perdesse durante um ditado. E cada erro era uma réguada na mão. E a régua era bem mais dura que a própria ditadura.

Fábio disse...

Cara Banana Djow,
Walk On é fenomenal mesmo!
Consegui ver seu comment pois recebo notificação por email, no entanto não localizei em que post você fez o seu comentário.
Vou visitar seu blogs! Fique a vontade para continuar visitando o meu!

Obrigado,

Fábio

Anônimo disse...

Alex, essa aí bem que tem o meu perfil, mas acho que não sou eu. Agora que a atitude é típica de quem é, isso não há dúvida...

Ana