23 de novembro de 2005

MATARAM O MATUTO

Uma crítica ao anti-caipirismo...

Muito se fala sobre o uso da língua e há quem critique duramente o modo de falar do interiorano, também conhecido como matuto ou caipira. Talvez isso ocorra devido ao fato de que o ser humano sempre tende a rotular o modo certo e errado de fazer todas as coisas.
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Há casos de pessoas que falam ``craro``, mas conseguem ser mais claras do que oradores eloqüentes e renomados; há aqueles que em sua infância se deliciaram com um banho no ``corguin``, enquanto outros apenas poluem os córregos e rios que conhecem; há ainda os que dizem que ``nóis fumo``, mas sabem se portar de modo a não ``levar fumo`` em situações relevantes.
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O que se tenta é exterminar uma parte de nossa história. Quando se exige que alguém mude o seu sotaque para parecer intelectual aos ouvidos de quem ouve, também se exige o sepultamento de nossas raízes. Escrever ou falar certo, digo, c-o-r-r-e-t-a-m-e-n-t-e, é apenas uma questão de ocasião.
É pena que em nosso país se confunda progresso e modernidade com o abandono de valores particulares de uma determinada cultura. Precisamos acabar com essa matança!

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