6 de setembro de 2008

Papel do jornalista no século XXI

Servir o melhor prato: esse é o nosso papel!

Não se pode falar em papel do jornalismo no século XXI. Possível, sim, é explanar as maneiras ou métodos que o jornalismo deve adotar para continuar cumprindo o seu papel, que não se altera nunca. O papel do jornalismo continua a ser o mesmo dos séculos anteriores. Papel este definido da seguinte maneira por Dines:

“O jornal é o fragmento da história e da memória de um país (...). O homem se informa para sobreviver. A sobrevivência física, pura e simples foi buscando formas mais sutis, podendo-se hoje dizer que um indivíduo não integrado no seu ambiente e no seu tempo está morto para a sociedade. A ignorância de certos fatos da vida contemporânea pode ser fatal para um cidadão” (1986).

É claro que na Era Digital alguns ajustes devem existir para que o jornalista continue sua atuação. Da mesma forma que o rádio e, depois, a TV modificaram o fazer jornalístico, o advento da Internet trouxe mudanças. Verdade que são maiores e mais significativas, porém, o papel do jornalista continua sendo o mesmo. De acordo com o raciocínio de Aroso (2008), o jornalista, mais do que em qualquer outro tempo, é um mediador – papel que deve ser recuperado.


Uma vez que o volume de informações é gigantesco, cabe ao jornalista o papel de selecionar o conteúdo que interessa ao seu público, interpretar o fato e expô-lo de forma palatável à audiência. Isso não significa que ele atuará como gatekeeper, em seu sentido mais tradicional, mas que o jornalista do século XXI, por assim dizer, terá papel decisivo para uma prática jornalística de mediação discursiva.


Em um mundo sobrecarregado de informações, que aparecem de forma igual nos meios, se destacará o veículo que explicar melhor a notícia. Pode-se comparar a notícia a um determinado alimento disponível em vários restaurantes; o tratamento e preparo do alimento, condimentos usados, estética do prato e o bom atendimento farão toda a diferença para determinar o maior sucesso de um em relação ao outro.

Chaparro aprofunda a complexidade do trabalho deste chef da notícia que é o jornalista da seguinte maneira:

“(...) Nessa nova realidade, fontes e meios praticam uma cooperação de recíproca conveniência: os jornalistas das redações escrevem cada vez mais sobre fatos que não observaram e sobre assuntos de que não entendem – precisam de bons informantes e intérpretes da realidade; as fontes empresariais e institucionais, geradoras de fatos e atos de relevância social, e detentoras da capacidade de explicá-los, não sobrevivem sem a comunicação com os ambientes externos – precisam dos meios” (1994).

Por isso o profissional do novo século deve ser mais cauteloso ao elaborar seu trabalho, ou de outra maneira alterará (aí sim) o seu papel. Medina (1988) chama a atenção para o fato de que a ampliação da notícia, que é a reportagem, corresponde a uma interpretação dos fatos, e, para ela, essa é uma tendência da imprensa mundial.


O papel do jornalista, portanto, não mudou. O que ele tem de fazer é encontrar maneiras criativas de continuar desempenhando o que tem por dever: informar e servir como mediador. Imprescindível para tal tarefa é o conhecimento de áreas específicas de atuação, constante atualização e ética, que deveria ser o fio condutor de toda atividade profissional.


Bibliografia

AROSO, Inês Mendes Moreira. A Internet e o novo papel do jornalista. Disponível em: Acesso em 03. set. 2008.
CHAPARRO, Manuel Carlos. Pragmática do Jornalismo: Buscas páticas para uma teoria da ação jornalística. São Paulo, Summus, 1994.
DINES, Alberto. O papel do jornal. São Paulo, Summus, 1996.
MEDINA, Cremilda. Notícia, um produto à venda: Jornalismo na Sociedade Urbana e Industrial. São Paulo, Summus, 1988.

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