10 de abril de 2011

Tragédias e intolerância

Semana passada eu mencionei a (boa) morte de José Alencar em meu texto. Digo boa porque, embora dolorosa, era algo que aconteceria em breve. A luta contra o câncer é algo cruel e não quero dizer que foi fácil. Contudo, como já disse: era algo esperado, mas não desejado.

Perto do que ocorreu nesta semana, no Rio de Janeiro, pode-se afirmar que Alencar teve uma morte digna. As crianças que partiram desta vida naquela escola tinham toda uma vida pela frente. É lamentável que um retardado tenha adiantado a partida dessas crianças.

Medidas

Como sempre, neste país só se toma uma providência quando Inês é morta. Espera-se que as escolas tomem providências concretas. Como autorizar a entrada de alguém que se diz palestrante sem verificar antes junto à diretoria? Só pelo fato de ser ex-aluno? E o que o governo do Estado do Rio de Janeiro vai fazer? Ou vai assistir com inércia a próxima desgraça?

Sim. Porque agora é bem capaz que algum outro louco esteja pensando: “que legal o que o cara fez, acho que vou fazer o mesmo”; e fazer algo até pior. Existe um ditado que diz que por onde passa um boi, passa uma boiada. Tomara que isso não se aplique no caso de assassinatos como esse, mas que abre a porteira, isso é fato. Cabe aos nossos xerifes impedirem que o gado estoure.

Não restam dúvidas de que o louco de Realengo era uma pessoa desequilibrada e infeliz. Contudo, isso mostra (embora não justifique) que temos pessoas doentes ao nosso redor, ou no caminho para isso, e agimos sem nos preocupar. Será que ninguém nunca percebeu que o cara era doente? Pois isso é doença! Enfim, não adianta chorar pelo que passou (confesso que chorei por essas crianças e por seus pais), mas é preciso agir.

Não dá para esperar que os governantes façam algo. Os pais devem se envolver nas questões escolares e, principalmente nas que tenham a ver com a segurança nas escolas. É preciso cobrar do Estado, das direções escolares e quem mais houver. Não se pode permitir que novas tragédias aconteçam.

Liberdade de expressão, mas com respeito

É engraçado ver todos descendo o porrete no deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). De fato, o cara é um dos últimos recônditos de tudo o que existe de mais conservador e retrógado neste país. Contudo, seu direito de expressão é algo que não se pode tolher. É tão retrógado quanto o pensamento de Bolsonaro, com apenas uma ressalva.

Embora não goste de tomar partido e me manifestar publicamente sobre certas questões, devo admitir que as declarações de Bolsonaro quanto ao kit do MEC são corretas e vão ao encontro do pensamento da maioria da população: o MEC exagerou.

O que nossas crianças precisam não é ver exemplos em vídeo do que é ou não é diverso, pois isso elas já veem em seu cotidiano. O que elas precisam é aprender a respeitar todas as pessoas e ser tolerantes com as que escolhem algo diferente do que normalmente se vê.

Isso eu tenho de admitir também: o Sr. Bolsonaro não é. Podemos e temos o direito de discordar de quem quer que seja, mas ser intolerante leva à incompreensão, ao ódio e a atos extremos. Teria sido o louco de Realengo uma pessoa que sofreu com a intolerância?

Especialista em suposições

Ainda voltando ao caso do RJ, a nossa imprensa chegou a dizer que o rapaz sofria de bullying na escola, depois disseram que ele era muçulmano e por fim disseram outras bobagens infundadas.

Será que toda a imprensa de outras editorias está se tornando com a imprensa esportiva? Pois essa sim pode fazer o que quiser. Afinal, tanto faz se Adriano irá ou não jogar no Corinthians. Quem paga meu salário não é o Andrez. Se o Adriano resolver jogar, melhor.

Nenhum comentário: